Suor
Eu sou;
O que sou, não há como saber;
Sei que tudo é, que algo há;
O que é, o que há, não há como saber;
Eu sei que sou,
Sei que o que sei é limitado ao saber ser,
Ao saber saber ser
E ao saber que sei ser limitado meu saber;
Sei que nada sei além disso,
Estas são minhas poucas certezas
Conquistadas arduamente após anos
Mergulhado nas mais profundas tolices
E nas ansiedades da mente.
São belas ideias que encontrei
No fundo do poço de uma consciência sofrida
E o caminho foi árduo, árido e vazio,
Mas me acalentam os prêmios
E, pela força acrescida, fazem valer toda dor;
Porque quando o mundo parece ser neblina
E não parece haver concretude em lugar algum,
Eu sei que sou, que sei, que sei não saber
E que existe algo, algo que tudo é,
Algo este do qual participo
Pois tudo que é faz parte do que há;
E foi só assim, depois de tanto exigir de mim,
Que a mente me entregou uma leveza e um sorriso
Que como árdua professora, difícil de conquistar,
Não são prêmios que entrega para qualquer um;
Foi um relacionamento exaustivo e abusivo
No qual tive que engolir tantas verdades duras e amargas;
Fui escravizado por fluxos de pensar por anos,
Mas não engasguei e nutri todo veneno
Até este verter-se no antídoto quando misturado ao sangue
E me libertar de tantas mentiras fáceis e prazerosas no processo
Para que agora, nu e cônscio, possa ter certeza que sou,
Certeza que sei, certeza que sei ser, certeza que sei saber,
Certeza de que algo há, que tudo é, que tudo que é faz parte do que há,
Certeza que não sei de nada, certeza de que a incerteza é certa,
Que a incerteza é incerta também, o que permite à certeza existir
(Mesmo que só nas mais estreitas lacunas)
E ser capaz de carregar, junto à pele exposta,
Estas poucas joias belas das minhas raras verdades
Construídas a partir de meu próprio suor
E que justamente por isto me brilham tanto.
“Clique em Clap quantas vezes quiser e contribua com nossos poetas.
Siga a Fazia Poesia”
