Quem Fez Poesia? #44 — Conheça Marianna Perna

Confira as trajetórias e inspirações da poeta selecionada nesta temporada na Fazia Poesia

Editorial Fazia Poesia
Fazia Poesia

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Foto de Subtil Jessica (2020)

Palavras da editora:
A delícia e a complexidade que é pôr-se em palavra diante da potência do encontro. E, ainda assim, tentamos.

Às vezes, eu escrevo esta parte do Quem Fez (e o parágrafo das Coletâneas também) como quem se declara. Em alguns casos, um franco, público, aberto (mas covardemente tímido, ao mesmo tempo, como alguns de meus outros momentos) manifesto do desejo de aproximar-se, amigar-se. Um jeito de dizer: “oi, me identifico um tantão contigo, bora ser amigo, eu e tu?”.

Acho que dá para perceber quando tudo isso acontece, desconfio de que estou mais para transparente do que para turva, mas nunca se sabe. Com Marianna, é assim. O reconhecer-se em si e no Outro é sempre uma doideira. Somos espelhos.

E, se o que eu escrevo por aqui às vezes é declaração, alguns textos desta seção também o são. O da Marianna é. Uma declaração de volta, à FP, à poesia. É bom. Obrigada por isso, Marianna, por declarar-se, por ser corajosa (declarar-se requer alguma dose de coragem — “atrevimento” talvez seja uma palavra melhor, mais precisa).

Perceber e sentir o que a poeta escreve é um lembrete do poder de fazer-se artesão e feiticeiro. Mexer com a artesania e a alquimia são exercícios perigosos (tanto pela manipulação de ingredientes instáveis e inflamáveis, quanto pela subversão inerente a essas atividades), mas incrustados de sabedoria e intimidade. Marianna é artesã e feiticeira, em uma espécie de Midas da palavra: tudo o que toca vira poesia.

E a palavra-poesia, entes díspares e unos (o tudo numa coisa só), são as repetidas tentativas de trazer à tona, também pela via de outras linguagens, a zona abissal do que não se nomeia e não se define, ao menos não com precisão. É uma pescaria em que você é o pescador, a isca, o peixe. É um jogo de luz e sombra, de pique-esconde. A palavra-poesia te assusta, te pega, te faz correr. Pernas, digo, palavra-poesia: para que te quero. Ou, ainda, parafraseando Frida Kahlo, para que as quero, se tenho asas para voar?

A palavra-poesia são as asas, a de Ícaro. Ela é o prisma, é a cortina que vai caindo aos poucos, num espetáculo de mistério e graça, glória e derrocada. As luzes da ribalta se acendendo, a face oculta da Lua — o astro e o arcano. Colocar as cartas na mesa, desembaralhar, embaralhar-se. A palavra-poesia como ritualística, como oráculo, como portal. Para acessar os outros mundos de si. Para cravar a flecha do cupido e apaixonar-se ou arrebatar-se, em êxtase, atravessando, feito a transverberação da Santa Teresa de Bernini.

Este texto de Marianna, a poética-arte e todas as faces do caleidoscópio que a multiartista é são convite e mergulho. Presente é dizermos “sim” às profundidades de uma água límpida que nos mata a sede, mesmo que apenas momentaneamente, mesmo que às vezes tempestuosa.

Quanto a estas minhas palavras, elas são só sementes lançadas na terra. Cuido, adubo, rego, mas o resto, ah, o resto, eu também deixo pro tempo-silêncio que admira, acompanha. Que é pra não forçar, sufocar, afogar. Não morrer na praia. E, ainda assim, de algum jeito, sempre morremos.

Poeticamente,

Ana C Moura — Editora de Projetos da Fazia Poesia.

Introdução: em viagem, já sem linguagem

A poesia para mim tem sido uma descoberta revelatória e meio acidental, que me mostra que eu não sou quem imaginava ser. Sou ínfima perante a ordem cósmica e, ao mesmo tempo, também sou maior do que me pensava. Descobri que sou muitas; que em mim habitam muitas vozes, assim como em todos nós. Foi todo um universo paradoxal que se descortinou aos meus olhos conforme me descobri poeta e nele, simultaneamente, tudo faz sentido e também não faz sentido algum. Algo na linha de Walt Whitman, ao dizer: “Eu me contradigo?/Pois bem, eu me contradigo/Sou vasto, contenho multidões”. [1]

E é daqui que gostaria de iniciar este texto-divagação, porque, hoje, refletindo em retrospectiva, parece-me que minha relação e trajetória com a literatura e a poesia possui um sentido iniciático, revelatório, misterioso, de descortinar universos e romper com as facetas racionais, previsíveis do meu ser. Ao mesmo tempo, acho que será difícil definir e colocar em palavras todos os sentidos, significados e experiências, tão vastos, tão além do meu próprio entendimento. A poesia mesma me ensinou que muitas vezes as palavras não dão conta de comunicar. Mas creio que nem por isso devemos deixar de lado a tentativa de expressar. As tentativas são válidas… talvez a própria vida seja uma grande tentativa de sentido.

Dentre as poucas memórias escolares que carrego em relação à escrita e à leitura, algumas das mais marcantes foram a de haver pedido tanto à minha mãe que me ensinasse a juntar aquelas letrinhas que via nos livros e jornais que, antes do tempo comum, já sabia ler (o que me rendeu um adiantamento de série) e a de, no colegial, adorar as aulas de gramática, redação e literatura. Eu nutria um enorme gosto pela linguagem, pelo poder das palavras e das histórias, gostava de exercitar a escrita nas aulas de redação; causava-me prazer ler em voz alta. Eu sorvia as palavras como quem tinha sede de saber mais do mundo.

Poeta aos poucos

Contudo, apesar desse fascínio pela literatura, optei pelo curso de História na USP, e iniciei minha formação em 2008, aos dezenove anos. Vejo a base cognitiva do ofício do historiador e do escritor como basicamente a mesma: leitura, interpretação e escrita. Porém, a diferença abissal entre elas é o lugar (ou proporção) da imaginação e da liberdade.

Se, por um lado, o compromisso literal com a realidade dentro da narrativa historiográfica me instigava e preenchia, por outro permaneciam lacunas inomináveis dentro de mim. Hoje, eu as vejo como as lacunas do sonho e do devaneio que não encontravam passagem. Por isso, fui levada a buscar, em outros cursos e vivências, fora daquele ambiente, linguagens que dessem conta da complexidade que me habitava e que nem eu mesma compreendia.
Era uma busca intuitiva por outros formatos, outras perspectivas. Nesse caminho, parti para estudos paralelos — de teatro, performance, música, fotografia e cinema — e, ao final da minha formação como historiadora, já não sabia o que fazer com tantas facetas e tantos interesses. Não conseguia me definir por uma coisa só, como era socialmente pressionada a fazer no mundo do trabalho. Acho também que, por ainda não me perceber poeta, não entendia como, dentro dessa “chave”, é possível abarcar todo o resto.

Antes de tudo isso acontecer, porém, houve a música e a poesia. Ou a poesia que habitava a música. Essa foi a descoberta mais significativa da minha pré-adolescência, e foi por esse caminho que segui, intuitivamente. E que importante foi! Parecia ser o caminho da alma, do eu profundo, em comparação com o caminho da racionalidade e da crítica ferrenha, no qual depois viria a me embrenhar.

Som & sentido

Minha descoberta musical deu-se aos doze, treze anos; através das letras de música, um novo mundo de expressividade se descortinou para mim. Descobri o rock alternativo da época, mas através dele naveguei ao rock “clássico” e dele então ao blues e ao folk.

Acho que, desde então, meu barquinho nunca mais saiu desse cais… Sou profundamente apaixonada pela poética simples das músicas populares do mundo. Bob Dylan, Leonard Cohen, Joni Mitchell, Patti Smith, Jim Morrison e os mestres dos blues eram os meus escritores; eu me nutria, ávida, de suas narrativas e imaginários. Também Violeta Parra, Mercedes Sosa e Atuahualpa Yupanqui deixavam suas marcas latino-americanas profundas e dolorosas em mim. Eu imprimia as letras do Dylan e do Morrison e literalmente lia como poesia. A partir daí, fui descobrindo os méritos propriamente literários de cada um daqueles que admirava: Cohen consagrou-se escritor antes de decidir ser compositor; Morrison se considerava poeta antes de tudo, chegou a lançar um livro de poesia quando vivo; Patti Smith, além de grande admiradora de Dylan e Morrison, tinha inúmeros volumes de poesia e prosa lançados; o próprio Dylan lançara um livro de poesia e outro de crônicas, e por aí vai…

Mas não só. Sondando a obra desses músicos, eu mergulhei em suas referências e fui chegando à geração beat, a Walt Whitman, a Rimbaud, a Aldous Huxley, entre outros. Aí, sim, algo dentro de mim foi se satisfazendo com a existência. Meus incômodos foram encontrando formulação. Era isso “que faltava”, e, entre os quinze e vinte anos, passei a me arriscar mais a escrever. Foi difícil me permitir, dado que a “voz historiadora” dentro de mim era um tanto rigorosa e cética, pouco dada a divagações e ao sonho, a realidades paralelas, ao invisível. Meu sonho maior desde essa época era escrever e cantar minhas próprias canções. Não sei se um dia isso acontecerá, mas para mim ter o canal da escrita já é uma enorme conquista e salvação.

Corta para alguns anos depois: apesar de meu desalento como acadêmica, ingressei em um programa de mestrado interdisciplinar na USP, em 2016. Nele, creio que consegui canalizar melhor meus anseios multidisciplinares, desenvolvendo uma pesquisa na área de música popular que mapeava a cidade de São Paulo, a partir de uma perspectiva crítica e de elementos de sociologia e filosofia, assim como de leitura e interpretação de letras de música, o que me trazia de volta à literatura. Acredito que, por meio desse processo investigativo — de bastante rigor na pesquisa, mas também de abertura de algumas portas imaginativas — , eu consegui me sentir realizada e hoje me sinto feliz com a passagem no universo acadêmico, ainda que não sinta ser esse o meu lugar.

Afogadas, todas elas…

Em paralelo às descobertas de graduação e pós-graduação, ia me dedicando cada vez mais à escrita poética como um espaço de liberdade e diálogos além da racionalidade comum, o que me trazia todo um universo potente de descobertas e desejos. Para mim, era o pensamento filosófico, indagador, em toda a sua potência criativa. Muitas pulsões me movendo a partir da escrita: o desejo sexual erótico; o desejo de fusão carne-espírito (comigo, com o Outro); o assombro frente ao inominável; o questionamento do lugar da mulher (apagada da subjetividade literária pelo cânone masculino). Deparava-me com os destinos trágicos de tantas autoras. Quantas eram suicidas… Me espantava ir entendendo o triste e comum destino do feminino, oprimido há tantos séculos, mas também me sentia responsável frente a essas mulheres, por perceber que seus desejos eram os meus, seus anseios eram os meus, suas várias vozes também me habitavam…

“[…]
Quantos homens não nos pisotearam?
Terra compactada, sem oxigênio
Séculos e mais séculos
De bruços
Arrancadas as raízes.
Apenas o mal era em nós reconhecido.
E suprimido.
[…]”

— Trecho do poema musical “A rainha está morta”, de A cerimônia de todas as vozes (2018).

Posso citar aqui algumas das principais autoras que passaram a me rodear, em um misto de convivência com fantasmas, memórias e desejos de futuro: Alejandra Pizarnik, Sylvia Plath, Ana Cristina César, Hilda Hilst, Orides Fontela, Denise Levertov, Adrienne Rich, Audre Lorde, Wislawa Szymborska, Alfonsina Storni, Olga Orozco, Anne Carson, Alice Ruiz, Clarice Lispector, Patti Smith, Sophia de Mello Breyner Andresen. Tornou-se, para mim, uma questão de sobrevivência, uma necessidade, ler profundamente a obra dessas mulheres. Ser revirada por elas e renascer das cinzas de seus poemas. Ao mesmo passo, também aprofundava minha leitura e compreensão de Fernando Pessoa, García Lorca, Walt Whitman, Antonin Artaud, Borges, Leminski, Walter Benjamin, Byung-Chul Han, Michel Foucault.

Poesia: entre a febre e a elaboração

A partir desses mergulhos na poesia e prosa dessas autoras e autores, fui traçando um caminho como leitora, pesquisadora, escritora e poeta autoral. Comecei a dedicar-me com mais sistemática aos meus próprios escritos e a (finalmente) gostar de verdade do que estava expressando. Gostar da espontaneidade, gostar de sentir que tudo aquilo estava dentro de mim, que tudo aquilo era mais uma escavação do que uma elaboração, que tudo aquilo tinha muito mais a ver com encontrar os caminhos e os meandros da expressão para, então, aquilo jorrar inevitavelmente do que com entender e moldar o que iria sair.

Eu vejo a poesia como um misto de razão e intuição, um pensar sentindo; um pensar aguçado, porque permeado do sentir. Por mais que não seja um estado fácil, é o meio-termo que procuro exercitar — não apenas jorrar palavras, tampouco apenas controlar formalmente o que virá. Identifico-me com a fala, por exemplo, de Hilda Hilst, que dizia que, para ela, a poesia era como uma febre: ela nunca sabia quando viria, era tomada por aquilo, e o poema saía. Eu também era, muitas vezes, tomada de assalto e de assombro pela escrita que se fazia através de mim. Era um misto de saber exatamente o que está acontecendo, e também não fazer ideia alguma, uma espécie de coceira para escrever. Era sentir que algo quer sair, e ter um olhar descolado, de fora, daquele processo e do modo de organizar aquelas palavras e imagens que vão se formando perante meus olhos.

Para mim, a escrita é um estranhamento absoluto, que gera um inesperado reconhecimento e acolhimento. Como se reconhecer em um antigo espelho, todo empoeirado. Você passa alguns minutos ali tentando enxergar o que há do outro lado, e nada se encaixa, nada se forma. E aí, subitamente, você enxerga: por trás de toda aquela sujeira & mistura & formas, a sua própria imagem surge, é você ali. Você se reconhece de um jeito distorcido — e bonito.

A escrita é um estar além da dualidade cotidiana, que fui aprendendo a navegar, tanto na escrita e na leitura de obras profundas, que moviam em mim camadas — ancestrais, até, eu diria —, quanto nas minhas próprias práticas de meditação e de análise terapêutica, como budista praticante de xamanismo. Dominar a linguagem para ir além dela? Talvez essa ideia resuma a senda da poesia… e isso tornou-se muito integrado ao meu viver, a uma filosofia prática de vida, que é reflexiva, questionadora, transformadora do ser. Fui me percebendo pesquisadora do estado poético, investigadora da consciência nesse processo. Ia escavando em mim mesma esses meandros e encontrando caminhos de expressão.

“ana & o mar
ambos a dançar
mundo a girar,
neste mesmo lugar.
mar & ana
parte do todo
& todo da parte;
ondas incríveis
olhar recuperado,
engolindo o horizonte
nas espumas de cristal
que brilham
numa tarde
de amor transcendental
Meu bálsamo é teu.”

— ”Quem carrega o mar no nome”, um poema sobre ser espelho, ser caleidoscópica.

Poesia em estado de dança

Como desdobramento de tudo isso, nasceu meu primeiro livro, A cerimônia de todas as vozes, que lancei em 2018. Havia feito algumas participações em antologias, lançado um livro de minicontos pelo Clube de autores e uma trilogia artesanal de poesia entre 2015 e 2016, que eu mesma digitei na máquina de escrever e cujos exemplares costurei, um a um.

A cerimônia de todas as vozes (Editora Urutau) é minha primeira obra no formato livro-disco, no qual a dimensão da musicalidade está no mesmo patamar da poética, pois é assim que vejo/sinto as coisas. Me interessa não apenas a escrita no papel, mas como comunicar isso, seja lendo, performando, cantando; percebi o papel agregador e catalisador que a linguagem musical traz à poesia, até porque, se hoje elas são dissociadas — se podemos ler uma obra literária de poesia no papel normalmente —, acho importante ressaltar que nem sempre foi assim. Nos primórdios, a poesia estava intrinsecamente conectada à música, à cena teatral, à dança e — por que não — ao êxtase, à exaltação e/ou alteração da consciência.

Interessa-me entender o percurso que nossa sociedade cartesiana (que atribui maior valor à linguagem racional) tomou, reduzindo a poesia a apenas um jogo de palavras num papel, quando ela (ainda) é muito mais que isso, assim como me interessa propor minha voz autoral nessa junção entre música, cena, dança, performance, leitura. Digo que tem sido um caminho de cura, no sentido de estar mais inteira e criativa. Sinto que meu repertório como historiadora está hoje, aos trinta e dois anos, totalmente a favor da poesia, a favor da arte, da livre expressão e da transformação da consciência e dos valores, inclusive da própria noção de conhecimento racional e superioridade do saber acadêmico. Sinto que o desnorteio que vivenciei à época da graduação foi necessário para uma autocrítica profunda, que me levou a perceber a centralidade da escrita e da comunicação na minha vida e, assim, fui aos poucos conseguindo reunir essas várias linguagens, aparentemente dispersas, em facetas que orbitavam em torno da poesia, da expressão poética. A poesia é o cerne para mim.

“[…]
Pelas Mãos daquelas que vieram antes.
Porque estive morrendo já há tanto tempo
E foram estas mãos da Idade que me relembraram.
Eu estou aqui.
[…]”

— Trecho do poema “Abertura”, de A cerimônia de todas as vozes (2018)

Fazia Poesia e a potência do encontro

Sinto-me bastante sortuda de ter encontrado pares ao longo desse processo, pessoas de ofício similar que me inspiraram a seguir e com quem eu podia trocar mais. Sempre havia alguém com quem trocar, nunca foi um caminho totalmente solitário. Na verdade, não foi nada solitário, pois, quando não estava dialogando com alguém vivo, havia algum fantasma de poeta por perto ou até eu mesma, descobrindo a polifonia que me habita. Essa é a maior dádiva, pois tem a ver com se escavar para encontrar todos os demais ali dentro de você e com você.

Desde 2014, pelo menos, venho trocando mais intensamente com pessoas em saraus, encontros, grupos de estudos, coautorias de textos. Uma das felizes descobertas foi o Medium, em 2017. Nesse período, deparei-me com a Fazia Poesia e, no comecinho de 2018, quando eles abriram uma chamada para a equipe de poetas, com muito entusiasmo, eu me candidatei. Desde então, tem sido um processo muito rico trocar com outras/outros poetas de lá, ampliar o público que me lê (e que escreve também, em boa parte) É um privilégio enorme, isso de poder ler e ser lida!

Eu tive um blog, mas nunca consegui me apegar muito a ele como forma de comunicação, pois meu processo sempre foi bem analógico. O Medium tem sido uma forma de ter a vivência de blog e ele estar na FP é maravilhoso, pois se torna um ambiente digital coletivo. Entre 2019 e 2020 pré-pandêmico, fiz parte da equipe editorial da revista e foi fascinante ver e participar dos processos de confecção, produção e organização do portal. Ficou muito claro o carinho e generosidade de todo mundo envolvido. Me fez ficar ainda mais feliz por fazer parte, ampliou meu sentido de pertencimento, pois se trata de fato de uma comunidade de amantes da poesia, meus contemporâneos. Que coisa maravilhosa, que bom que a Fazia Poesia existe!

Desde que deixei a equipe editorial, por demandas de trabalho e tempo, tem sido inspirador acompanhar o quanto a FP vem crescendo e se expandindo, diversificando. Este é um núcleo muito relevante da expressão literária contemporânea.

Obrigada por acolherem meus textos. Fiquei muito feliz com o convite de colaborar com o Quem Fez Poesia?, ainda mais depois de ter lido tantos textos dessa seção e visto os bastidores de alguns dos que já foram ao ar.

Vida longa à Fazia Poesia! ❤

[1] A leitura no Brasil está aquém do desejável; a leitura de poesia ainda mais, se comparada a outros gêneros literários; a leitura de Whitman ainda mais. À parte a reflexão complexa e interessante, que renderia um texto próprio, aqui nos interessa saber que o poeta é pouco lido no país e, por causa e em consequência disso, pouco traduzido para o português. O trecho mencionado no texto pode ser encontrado no Folhas de relva [Leaves of Grass, em inglês], com tradução de Luciano Alves Meira (edição de 2005 da Martin Claret, p. 24]. Os versos são parte do fragmento 51 do poema intitulado Canção de mim mesmo, a partir da edição de 1881. (Nota de contextualização acrescentada pela editora do texto, Ana C Moura).

* Para uma possível apreciação poética para além da maravilhosa linguagem deste texto, a autora gentilmente compartilha uma faixa-poema de A cerimônia de todas as vozes, em versão sonora e versão audiovisual:

Bônus: “Um abismo entre os dois olhos”
Audio, neste link.
Clipe,
aqui (vídeo gravado na Casa do Sol, em 2017).

Para quem quiser adquirir o livro-disco de Marianna Perna, entre em contato com ela pelo Instagram, @dasvozespoesia, ou acesse direto pelo Linktree da poeta. Leia poesia contemporânea, autores vivos.

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