Vitória Lima
1 min readJun 2, 2023

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pra lembrar do que costumava ser meu

já faz um tempo que a escrita fugiu de mim. ou eu é que fugi dela. das rotas e das sensações de estar completamente crua e exposta em papel, eu tenho tido é medo. as coisas mais sinceras que escrevi nos últimos tempos ou joguei ao vento ou sequer me lembro. quando me encontro com as palavras dessa outra — que sou eu, mas não enxergo —, me deparo com uma amnésia forjada de não saber o que escrevi ou disse. tudo tem estado assim: já não sei a verdade e não sei se quero saber. já faz tempo.

voltei a sonhar os sonhos terríveis e já faz tanto tempo que não sonho um sonho bonito que nem lembro como é. há dias que acordo ofegante, o coração na boca, mastigo e engulo sem água. queria vomitar o coração inteirinho. queria lavar todas as lembranças que não digo. queria, queria mesmo. tanta falação e blablablá e você tem que elaborar e blablablá a vida é dura e blablablá pra no fim ser isso mesmo, não tem o que fazer, não adianta pensar demais, mas se você não pensar, eu também não vou pensar, e se ninguém pensar… ah, inferno, já estou pensando. já estou pensando. essa noite eu sonhei que fugia

eu só faço é fugir, mas acordo sempre aqui

em mim.

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