Poemas destaques do mês de outubro/2022 na Fazia Poesia
Confira os poemas que foram selecionados pela equipe editorial da Fazia Poesia no décimo mês de 2022
Alô, poetas! 🤓
Faltando menos de dois meses para o fim do ano (😮), e que ano intenso, hein?!, esperamos que os dias que seguem sejam um tico melhores e desejamos que, além de saúde, haja muita poesia para enfrentar os desafios da vida.
E, por falar nela, na poesia, é com muita alegria em meio a tanta estranheza do contexto que anunciamos os poemas destaques de outubro de 2022. É sempre um desafio escolher, porque são muitos poemas excelentes publicados em nosso portal todos os dias. Selecionar poemas dessa forma implica sempre escolher os bons poemas que entraram para os destaques, bem como não escolher os bons poemas que não entraram para os destaques também. De todo modo, neste artigo, é possível apreciar uma boa leitura e conhecer mais dos autores da equipe interna que escreveram os poemas aqui destacados.
Que seja um bálsamo para as feridas que não saram, uma fênix para as cinzas que se impregnam, um portal para expandir novos mundos, uma anunciação para viver dias mais, dias melhores, uma utopia em meio à barbárie (e luta-articulação para que isso se concretize). Sem mais delongas, fiat lux, estenda-se o tapete vermelho para os poetas e seus respectivos poemas:
baba
de Natália Mota
como quiabo
e como quiabo
babo
deixo rastro no travesseiro
cheiro azedo
o quiabo o gosto amargo
qualquer baba escorrida
é um tal de tira, tira, tira
mas que diabos querem de nós
se antes líquida do que sólida
se pelas brechas tudo se molha
canto de pássaro
de valentina maciel
foi bem-te-vi, passarinho assim
que me cantou no ouvido e teu dedo, assim
bem dentro de mim voava em-bebida
te encho te encharco e é nítido que tem dureza
na boca macia enquanto tu diz
me olha, quero engolir
e foi um galho, de árvore assim
que me arrancou um truncado
um jeito-gemido de mexer coberta
um calor que sobe desde o peito
do pé e vai até o cabelo
enrolado na mão enorme
teve um hiato, cores e formas
uma gostosa tinta púrpura
amarela cobalto fazendo
onda onda onda
deixando marcas costurando líquida
miríade de sensações-pinturas
nas nossas mãos-pincéis
cantando bem alto
na minha tela-interna
e assinando embaixo:
ternura é coisa que se faz com a boca.
Água mole, pedra dura
de LuizaLuiza
Água mole em pedra dura
contorna sensualmente
a rocha impassível
Água mole em pedra dura
Lambe delicadamente
a superfície rígida
Água mole em pedra dura
desmancha pacientemente
a dureza do tempo
in the mood for love
de Gabriela A.
Ainda que incerto,
indiscreto
— vejo o indistinto
do céu borrado em gris
meu corpo permanece quente
e então em um sonho lúcido
toco o meu corpo,
o grande véu invisível
que desenha a minha pele,
transborda em meus dedos
um céu intangível
como se fora aquele dia
que nunca mais eu poderei tocar
e é isso o que eu posso dizer
agora.
segredos para o túmulo
imitar desaparecidos
como se tateia
o beijo dado
naquele travesseiro
saber amar uma casa vazia
não porque há supermercados
não porque há silêncio
plantar nas casas
ausências em mudas
não porque há estações
não porque há ternura
(jardins prósperos
ensinam
coisas de artesã
como usar as palmas
os gumes)
sem os artifícios do vulto
ter a cara enfiada no corte
Agradecemos a leitura!
Poeticamente,