O que é a poesia? — 101 definições segundo 101 autores

De Manuel Bandeira a Hilda Hilst

Editorial Fazia Poesia
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14 min readJul 7, 2020

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quem diga que a poesia é a fala dos sonhos. Mas, desde que o ser humano é demasiado humano, ele não sonha? Quem sabe a pergunta “o que é a poesia?” seja tão velha quanto a própria humanidade? Não sabemos e nem saberemos o que não nos é dado saber. O que nos é dado saber, afinal? Sabemos o que chegou até nós por meio dos livros, causos, tradições orais e imaginários coletivos… Pessoalmente, me inclino a acreditar que não é o ser humano quem pergunta “o que é a poesia?”, mas sim a Poesia é que pergunta: o que é o Ser Humano? E, então, todos os poemas que já foram ou serão escritos o são para responder a essas perguntas de resposta interminável. Mas estou divagando, por isso deixo ao paladar do leitor o sabor de tirar as próprias conclusões. Assim, aqui vai uma coletânea de cento e uma definições de poesia segundo os escritores e as escritoras dos mais diversos lugares e tempos do mundo, pois podemos não saber o que é poesia, mas sabemos que a linguagem, o sonho e a imaginação, matérias brutas dessa arte da palavra, são condições da humanidade.

P.S.: As traduções dos títulos dos livros não escritos em língua portuguesa são todas traduções livres. Além disso, todos os escritores aqui listados deixaram o legado de muitas obras, de modo que os livros utilizados para apresentá-los são, em cada caso, apenas exemplificativos.

O que é a poesia?

1.
Para Manuel Bandeira, poeta brasileiro, autor de “Libertinagem”:

“‘O que é poesia?’: Tal indagação me foi proposta quando tive por tarefa elaborar um livro didático de Literatura. Eu, que desde os dez anos faço versos, eu, que tantas vezes sentira a poesia passar por mim como uma corrente elétrica e afluir aos meus olhos sob a forma de misteriosas lágrimas de alegria não soube no momento forjar uma definição racional dessas que segundo regra lógica devem convir a todo o definido e só ao definido, mas uma definição puramente empírica, artística, literária.”

2.
Para Oswald de Andrade, poeta brasileiro, autor de “Pau-Brasil”:

“é a descoberta / Das coisas que nunca vi”.

3.
Para Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro, autor de “A Rosa do Povo”:

“Poesia, morte secreta.”

4.
Para Décio Pignatari, poeta brasileiro, autor de “O Carrossel”:

“Design de linguagem”

5.
Para Mario Quintana, poeta brasileiro, autor de “Cataventos”:

“No fundo, a poesia é isto: a eternização do momento.”

6.
Para Paulo Leminski, poeta brasileiro, autor de “Distraído Venceremos”:

“a liberdade da minha linguagem.”

7.
Para Manoel de Barros, poeta brasileiro, autor de “Livro sobre Nada”:

“é voar fora da asa.”

8.
Para José Hierro, poeta espanhol, autor de “Livro das Alucinações”:

“O ritmo é o que faz a poesia persuasiva e não informativa.”

9.
Para Alberto Caeiro, poeta português, autor de “O Guardador de Rebanhos”:

“é natural como o levantar-se vento…”

10.
Para Fernando Pessoa, poeta português, autor de “Mensagem”:

“um fingimento deveras.”

11.
Para Florbela Espanca, poeta portuguesa, autora de “Charneca em Flor”:

“Pedaços de sorriso, branca espuma, gargalhadas de luz, cantos dispersos, ou pétalas que caem uma a uma…”

12.
Para António Forte Salvado, poeta português, autor de “Interior à Luz”:

“Difícil, estreita passagem, força quente perscrutada, corpo de névoa, de imagem, com sulcos de tatuagem, voz absoluta escutada…”

13.
Para Adolfo Casais Monteiro, poeta português, autor de “Sempre e Sem Fim”:

“voo sem pássaro dentro.”

14.
Para Júlio Dinis, poeta português, autor de “Poesias”:

“A poesia precisa ter quem a entenda e quem a faça; nem sempre os que a entendem a fazem, nem sempre os que a fazem a entendem.”

15.
Para Samuel Taylor Coleridge, poeta inglês, autor de “A Balada do Velho Marinheiro”:

“as melhores palavras na melhor ordem”.

16.
Para Edgar Allan Poe, poeta estadunidense, autor de “O Corvo”:

“a precisão e a sequência rígida de um problema matemático.”

17.
Para Vladimir Vladimirovitch Maiakovski, poeta soviético, autor de “33 poesias”:

“uma viagem ao desconhecido”.

18.
Para Johann Wolfgang von Goethe, poeta alemão, autor de “O Aprendiz de Feiticeiro”:

“a fala do infalável”.

19.
Para Stéphane Mallarmé, poeta francês, autor de “Divagações”:

“se faz com palavras, não com ideias”.

20.
Para Thomas Carlyle, romancista escocês, autor de “Os Heróis”:

“é o pensamento musical”.

21.
Para Wislawa Szymborska, poeta polonesa, autora de “Paisagem com Grão de Areia”:

“mas o que é isso de poesia? Muita resposta vaga já foi dada a essa pergunta, pois eu não sei e não sei e me agarro a isso como a uma tábua de salvação.”

22.
Para Robert Frost, poeta estadunidense, autor de “A Vontade de um Menino”:

“o que ficou para trás na tradução”.

23.
Para René Char, poeta francês, autor de “Este Fanático das Nuvens”:

“A poesia é o amor realizado do desejo que permanece como desejo”.

24.
Para Oswald de Andrade, poeta brasileiro, autor de “Pau-Brasil”:

“o descobrimento das coisas que nunca vi antes”.

25.
Para Dante Alighieri, poeta italiano, autor de “A Divina Comédia”:

“É a ficção retórica posta em música”.

26.
Para Federico García Lorca, poeta espanhol, autor de “Bodas de Sangue”:

“a união de duas palavras que ninguém poderia supor que se juntariam, e que formam algo como um mistério.”

27.
Para Pedro Salinas, poeta espanhol, autor de “Fábula e Signo”:

“uma aventura ao absoluto”.

28.
Para Gabriel Celaya, poeta espanhol, autor de “O Coração em seu Lugar”:

“uma arma carregada com o futuro”.

29.
Para Octavio Paz, poeta mexicano, autor de “Árvore Adentro”:

“uma erotização da linguagem”.

30.
Para Luis Garcia Montero, poeta espanhol, autor de “O Jardim Estrangeiro”:

“um ajuste de contas com a realidade”.

31.
Para Vicente Gerbasi, poeta venezuelano, autor de “As Cores Ocultas”:

“se inicia quando se começa a ver o mundo”.

32.
Para Luis Garcia Morales, poeta venezuelano, autor “De um Sol ao Outro”:

“é a memória mágica do país”.

33.
Para Yves Bonnefoy, poeta francês, autor de “O Espaço do Coração”:

“desperta questões de nossa existência”.

34.
Para Novalis, poeta alemão, autor de “A Flor Azul”:

“a arte de excitar a alma”.

35.
Para José Jorge Letria, poeta português, autor de “Sobre Retratos”:

“um pacto com a inquietação”.

36.
Para Hênio Tavares, teórico brasileiro, autor de “Teoria Literária”:

“Etimologicamente, poesia, do grego “poíesis” significa ato de fazer algo, implica a ideia de ação, de criação. A poesia é a linguagem de conteúdo lírico ou emotivo, escrita em verso (o que geralmente ocorre) ou em prosa”.

37.
Para Rodrigo Madeira, poeta brasileiro, autor de “Pássaro Ruim”:

“é segurar dentro da água um peixe por cinco segundos”.

38.
Para Bráulio Tavares, poeta brasileiro, autor de “O Homem Artificial”:

“Forma de criação literária em que se busca uma linguagem auto-referencial, mais condensada do que a da prosa, sujeita a mais nuances de interpretação, e na qual o ritmo, as repetições e os aspectos sensoriais e visuais do texto têm maior importância”.

39.
Para Lope de Vega, poeta espanhol, autor de “La Arcadia”:

“A poesia é a pintura dos ouvidos, como a pintura é a poesia dos olhos.”

40.
Para Aristóteles, filósofo grego, autor de “A poética”:

“A poesia é mais fina e mais filosófica do que a história; porque a poesia expressa o universo, e a história somente o detalhe.”

41.
Para Camilo Castelo Branco, romancista português, autor de “Amor de Perdição”:

“A poesia não tem presente: ou é esperança ou saudade.”

42.
Para Francisco Carvalho, poeta brasileiro, autor de “O Silêncio é uma Figura Geométrica”:

“fazer um poema é estar em conflito com os dedos da mão”.

43.
Para John Cage, escritor estadunidense, autor de “Silêncio: Palestras e Escritos”:

“Nada tenho a dizer e estou dizendo-o. Tal é a poesia”.

44.
Para Terry Eagleton, filósofo e professor inglês, autor de “Teoria da Literatura: uma introdução”:

“A poesia é uma imagem da verdade de que a linguagem não é o que nos afasta da realidade, mas o que nos dá o acesso mais profundo a ela. Portanto, não é uma escolha entre ser fascinado com as palavras e apreensivo com as coisas. É da própria essência das palavras apontar para além delas mesmas, de modo que as agarrar como preciosas por si seja também avançar mais profundamente rumo ao mundo a que se referem.”

45.
Para Charles Baudelaire, poeta francês, autor de “As Flores do Mal”:

“a luta contra a iniquidade”.

46.
Para Franz Kafka, romancista alemão, autor de “A Metamorfose”:

“A poesia transforma a vida: e isso, em determinadas ocasiões, pode ser o pior”.

47.
Para Percy Bysshe Shelley, poeta inglês, autor de “Prometeu Desacorrentado”:

“A poesia faz imortal tudo quanto é melhor e mais belo neste mundo”.

48.
Para Agostinho de Hipona, filósofo romano, autor de “Confissões”:

“o vinho do Diabo”.

49.
Para William Congreve, dramaturgo inglês, autor de “As Viagens de Gulliver”:

“irmã mais velha de todas as artes, e mãe da maioria delas”.

50.
Para Jean Lucien Arréat, filósofo francês, autor de “Memória e Imaginação”:

“o profundo sentimento do inexprimível”.

51.
Para Edmund Burke, filósofo irlandês, autor de “Reflexões sobre a Revolução na França”:

“a arte de materializar sombras e de dar existência ao nada”.

52.
Para Vilém Flusser, filósofo tcheco-brasileiro, autor de “Língua e Realidade”:

“A poesia aumenta o campo do pensável”.

53.
Para Guimarães Rosa, romancista brasileiro, autor de “Sagarana”:

“uma irmã tão incompreensível da magia…”

54.
Para Pierre-Jean Jouve, poeta francês, autor de “Casamentos Misteriosos”:

“uma alma inaugurando uma forma”.

55.
Para James Branch Cabell, romancista estadunidense, autor de “Além da vida”:

“é a rebelião do homem contra ser o que ele é”.

56.
Para Stephen Spender, poeta inglês, autor de “Exercícios Espirituais”:

“é sempre escrita por alguém esforçando-se para ir além do que ele pode fazer”.

57.
Para John Ruskin, poeta inglês, autor de “As Pedras de Veneza”:

“A sugestão, pela imaginação, de terrenos nobres para as emoções nobres”.

58.
Para David Eugene Smith, matemático estadunidense, autor de “História da Matemática Moderna”:

“O que, afinal, é a matemática, senão a poesia da mente e o que é poesia, senão a matemática do coração?”

59.
Para Micheliny Verunschk, poeta brasileira, autora de “Geografia Íntima do Deserto”:

“para mim é a forma mais eficaz de alcançar algo inatingível, a essência do real ou, antes, o real em essência. (…) Ela está um degrau acima da filosofia e um degrau abaixo do amor”.

60.
Para Paul Engle, poeta estadunidense, autor de “Quebre a Raiva do Coração”:

“é linguagem comum elevada à enésima potência”.

61.
Para Rita Dove, poeta estadunidense, autora de “A Face Mais Escura da Terra”:

“é o idioma mais destilado e mais poderoso”.

62.
Para James Tate, poeta estadunidense, autor de “A Distância dos Entes Queridos”:

“está em toda parte; ela só precisa de edição”.

63. Para Emily Dickinson, poeta estadunidense, autora de “Porque eu Não Pude Parar para a Morte”:

“Se eu leio um livro e ele torna o meu corpo tão frio que fogo nenhum poderia esquentá-lo, sei que isso é poesia”.

64.
Para Helen Keller, poeta estadunidense, autora de “Lutando Contra as Trevas”:

“A grande poesia não precisa de intérprete além de um coração responsivo”.

65.
Para Leonard Cohen, poeta canadense, autor de “Parasitas do Céu”:

“é apenas a evidência da vida. Se a sua vida está queimando bem, a poesia é apenas a cinza”.

66.
Para Carl Sandburg, poeta estadunidense, autor de “Bom dia, América”:

“é o jornal de um animal do mar que vive na terra, querendo voar no ar”.

67.
Para Salvatore Quasimodo, poeta italiano, autor de “A Vida não é um Sonho”:

“é a revelação de um sentimento que o poeta acredita ser interior e pessoal, mas que o leitor reconhece como próprio”.

68.
Para Christopher Fry, poeta inglês, autor de “Anel em Volta da Lua”:

“é uma linguagem na qual o homem explora seu próprio espanto”.

69.
Para Khalil Gibran, poeta libanês, autor de “O Profeta”:

“Poesia, meus queridos amigos, é uma encarnação sagrada de um sorriso. Poesia é um suspiro que seca as lágrimas. A poesia é um espírito que habita na alma, cujo alimento é o coração, cujo vinho é carinho. A poesia que não vem nesta forma é um falso messias”.

70.
Para Eavan Boland, poeta irlandesa, autora de “23 Poemas”:

“A poesia começa onde começa a linguagem: nas sombras e acidentes da vida de uma pessoa”.

71.
Para John Masefield, poeta inglês, autor de “A Misericórdia Eterna”:

“é uma mistura de senso comum, que nem todos têm, com um sentido incomum, que muito poucos têm”.

72.
Para Laurence Overmire, poeta estadunidense, autor de “Relatório da Estrela-X 10, Poesia Sci-fi”:

“é a arte de usar a linguagem para transcender a linguagem”.

73.
Para Edmund Clarence Stedman, poeta estadunidense, autor de “Uma Antologia Vitoriana”:

“é uma arte e chefe das belas artes; a mais fácil de abordar, a mais difícil de alcançar a verdadeira excelência”.

74.
Para Rubem Alves, poeta brasileiro, autor de “Ostra Feliz não Faz Pérola”:

“Uma das missões da poesia é colocar palavras no lugar da dor. Não para que a dor termine, mas para que ela seja transfigurada pela beleza”.

75.
Para Rafael Argullol, poeta espanhol, autor de “Alegação Contra a Ganância”:

“é a destilação do silêncio”.

76.
Para Pablo Neruda, poeta chileno, autor de “Nasci para Nascer”:

“Penso que a poesia é uma ação passageira ou solene na qual entram em igual medida a solidão e a solidariedade, o sentimento e a ação, a intimidade de si mesmo, a intimidade do homem e a revelação secreta da natureza”.

77.
Para Cassiano Ricardo, poeta brasileiro, autor de “A Difícil Manhã”:

“uma ilha cercada de palavras por todos os lados”.

78.
Para Horácio, poeta romano, autor de “Ars Poética”:

“No arranjo das palavras deverás também ser sutil e cauteloso e magnificamente dirás se, por engenhosa combinação, transformares em novidades as palavras mais correntes. Se porventura for necessário dar a conhecer coisas ignoradas, com vocábulos recém-criados, e formar palavras nunca ouvidas pelos Cetegos cintados, podes fazê-lo e licença mesmo te é dada, desde que a tomes com discrição.”

79.
Para Martin Heidegger, filósofo alemão, autor de “Ser e Tempo”:

“O reino de ação da poesia é a linguagem. […] a essência da poesia deve ser concebida pela essência da linguagem”.

80.
Para Glauco Mattoso, poeta brasileiro, autor de “Poesia Vaginal — Cem Sonetos Sacanas”:

“Se você disser que poesia é tudo aquilo que não é prosa, os professores de literatura vão lhe demonstrar que existe um estilo poético denominado prosaico e outro conhecido como prosa poética. Se você disser que poesia é rima, surgem aqueles que defendem o verso branco moderno e lembram, que na Antiguidade a rima era praticamente desconhecida, ou seja, é coisa da Idade Média. Se você pensa que poesia é o próprio verso (isto é, um grupo de palavras formando linhas empilhadas a esmo ou segundo algum critério de “medida”), saiba que existem poetas que aboliram o verso e só trabalham a palavra isolada, ou nem isso: ficam nas sílabas e nas letras soltas no espaço da página. É o concretismo, ou poesia concreta, no seu estágio mais elementar. Se você acha ainda que a poesia fica só nas letras, há os que preenchem o espaço com qualquer sinal ou figura, e até saem dos limites dimensionais do papel para pesquisar também outros materiais e novos resultados, que aparentemente nada têm a ver com a linguagem escrita. São desdobramentos do concretismo, chamados de poesia visual (ou semiótica) e poema-objeto, que no Brasil foram lançados com o nome de poema-processo. Finalmente, se você concluir que a poesia estaria então na ideia transmitida, perceberá que qualquer ideia pode ser poeticamente transmitida, e voltará à estaca zero. A confusão se estabelece de uma vez por todas quando verificamos que a palavra poesia vem do grego e tinha desde o início um significado muito amplo, de “criação” ou “arte”. […] O que nos interessa agora é partir do princípio de que o conceito de poesia não foi e nem será uma coisa restrita a isso ou aquilo.”

81.
Para Thomas Nashe, romancista inglês, autor de “A Vida de Jack Wilton”:

“é a melhor frase dos anjos”.

82.
Para Andrei Voznesensky, poeta soviético, autor de “Antimundos”:

“é acima de tudo um milagre, o milagre da emoção, o milagre da alma e o milagre daquela ‘alguma coisa’ sem a qual a arte é inconcebível”.

83.
Para Alfredo Bosi, historiador brasileiro, autor de “O Ser e o Tempo da Poesia”:

“A poesia recompõe cada vez mais arduamente o universo mágico que os novos tempos renegam”.

84.
Para Benedetto Croce, filósofo italiano, autor de “La Poesia”:

“A mais humilde canção popular, quando imbuída de humanidade, é poesia.”

85.
Para Jorge Luis Borges, poeta argentino, autor de “O Ouro dos Tigres”:

“Toda as literaturas começaram pela poesia. O homem começou cantando seus mitos, celebrando seus heróis, seus guerreiros, embora depois descobrisse outros temas. A poesia era uma paixão, agora, infelizmente está desterrada pela política e pela economia. Essa paixão perdida é uma forma de felicidade, talvez a melhor. É uma coisa tão íntima que não se pode definir porque é um fato complexo. É uma modesta magia verbal; escrever um poema é uma pequena operação mágica, com a imaginação e a inteligência do leitor e também do autor. É tão insegura a poesia, por isso não convém defini-la. A poesia não se escolhe e não é uma profissão. Poesia é a arte de causar emoções através do manejo das palavras. Um verso é uma coisa dita com certa cadência e não há leis para a poesia. É uma arte não menos misteriosa do que a música, talvez seja mais misteriosa”.

86.
Para Antonio Carlos Secchin, ensaísta brasileiro, autor de “Todos os Ventos”:

“Quando hoje me dizem que não há saída para a poesia, respondo que a poesia só tem entrada, e nos conduz a caminhos que jamais supúnhamos existir”.

87.
Para Teixeira Pascoaes, poeta oortuguês. autor de “Elegia da Solidão”:

“A ciência desenha a onda; a poesia enche-a de água”.

88.
Para Rabindranath Tagore, poeta indiano, autor de “Gitanjali”:

“é o eco da melodia do universo no coração dos humanos”.

89.
Para Gerardo Diego, poeta espanhol, autor de “Manual de Espumas”:

“Criar o que nunca iremos ver: isso é a poesia”.

90.
Para Alfred de Musset, poeta francês, autor de “A Taça e os Lábios”:

“é o mais doce dos tormentos”.

91.
Para Ferreira Gullar, poeta brasileiro, autor de “Na Vertigem do Dia”:

“nasce de algo que se revela inesperadamente”.

92.
Para Matilde Campilho, poeta portuguesa, autora de “Jóquei”:

“A poesia, a música, a pintura não salvam o mundo. Mas salvam o minuto”.

93.
Para Adélia Prado, poeta prasileira, autora de “Bagagem”:

“Mística e poesia são braços do mesmo rio. Deus me deu o segundo, mas a fonte é a mesma, o Espírito Divino”.

94.
Para Hilda Hilst, poeta brasileira, autora de “Roteiro do Silêncio”:

“A poesia sempre me pareceu um mistério, você não sabe dizer o que é, ela acontece ou não acontece”.

95.
Para Marisa Lajolo, escritora brasileira, autora de “Descobrindo a Literatura”:

“Poesia não tem hoje nem ontem. Poesia é sempre”.

96.
Para Antônio Cândido, sociólogo brasileiro, autor de “Literatura e Sociedade”:

“A poesia é tomada como a forma suprema de atividade criadora da palavra, devida a intuições profundas e dando acesso a um mundo de excepcional eficácia expressiva. Por isso a atividade poética é revestida de um caráter superior dentro da literatura, e a poesia é como a pedra de toque para avaliarmos a importância e a capacidade criadora desta. Sobretudo levando em conta que a poesia foi até os tempos modernos a atividade criadora por excelência, pois todos os gêneros nobres eram cultivados em verso. Hoje, o desenvolvimento do romance e do teatro em prosa mudou este estado de coisas, mas mostra por isto mesmo como toda a literatura saiu da nebulosa criadora da poesia”.

97.
Para José Luis Hidalgo, poeta espanhol, autor de “Raiz”:

“não é nem pode ser lógica. A raiz da poesia assenta precisamente no absurdo”.

98.
Para Nadine Gordimer, cronista sul-africana, autora de “Um Mundo de Estranhos”:

“é ao mesmo tempo um esconderijo e um alto-falante”.

99.
Para Nathalie Sarraute, romancista russo-francesa, autora de “Infância”:

“A poesia numa obra é o que faz aparecer o invisível”.

100.
Para Dámaso Alonso, poeta espanhol, autor de “Poemas Puros”:

“é um nexo entre dois mistérios: o do poeta e o do leitor”.

101.
Para Carmen Conde, poeta espanhola, autora de “Paixão do Verbo”:

“é o sentimento que sobra ao coração e que sai pela mão”.

E você? Conhece mais definições de poesia segundo algum autor não listado aqui?

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