futurismo

amanda santo
Fazia Poesia
Published in
2 min readFeb 24, 2024

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colagem digital de autoria própria

desde o começo do fim dos tempos
cientistas, físicos, astronautas
sociólogos do caos gastam
suas lupas telescópios
tentando descobrir o que é que existe amanhã
se lá vai ter gente, essa carne humana pesada
ou só espaço vazio puro

dia desses li a notícia
: Pesquisadores encontram uma partícula de futuro
foi numa folha de papel surrado
pedaço de coisa com destino de esquecimento
amassada no cesto de recicláveis
foi um estudante entediado
quem abriu o lixo pra gastar Tempo
com curiosidade distraída abriu até os miolos
daquelas linhas sem função

usando as ferramentas mais modernas
aumentaram o troço
era um poema

rascunho de insônia
rasgado, riscado, fugido
remexido mil vezes
investigação como nenhuma se viu na história da ciência
um estado avançado de busca
qualquer coisa além da matéria
do que não existe
desenho do futuro de um passado que ainda
não aconteceu

diante de tão inédita invenção
o poeta foi condecorado com um Nobel
da Existência título: Agente da Anunciação
inventor do invisível
possivelmente impossível
criador do inútil infundado futuro
promissor

lugar onde não
haverá carne humana pesada
nem espaço tempo poetas nem invenções

no futuro, está escrito no poema sagrado
vai ter só o que sobra das guerras depois que a bomba chora
: o fim

e no fim, assim como no começo
restará somente o verbo.

* em itálico, inspiração em Stela do Patrocínio.

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