Escuridão
— Hora de dormir.
Despiu o corpo cansado, coberto por cicatrizes. Suas marcas de guerra.
Deitou, envolveu-se no tecido felpudo e permaneceu em silêncio por alguns segundos.
A escuridão no quarto era tão densa que não conseguia enxergar as próprias mãos à frente de seu rosto. E, por mais que geralmente apreciasse a ausência de luz, algo a estava incomodando.
Ali, sozinha e escondida nas sombras, seus pensamentos rugiam alto.
Levantou-se e ligou a luminária da cômoda. Assim que a claridade inundou as paredes, respirou aliviada.
Não era do escuro que ela tinha medo.
Havia acendido a luz para espantar sua treva interior.
***
Acordou com uma sensação claustrofóbica. Assustada, pensou: “Tem alguém dentro de casa.”
Depois de verificar cada cômodo, finalmente entendeu.
Voltou ao quarto, trancou a porta e se manteve ali.
A questão não era alguém entrar. Ela que não devia sair.
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