Escuridão

Clara Dantas
Fazia Poesia
Published in
1 min readMar 14, 2020

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— Hora de dormir.

Despiu o corpo cansado, coberto por cicatrizes. Suas marcas de guerra.

Deitou, envolveu-se no tecido felpudo e permaneceu em silêncio por alguns segundos.

A escuridão no quarto era tão densa que não conseguia enxergar as próprias mãos à frente de seu rosto. E, por mais que geralmente apreciasse a ausência de luz, algo a estava incomodando.

Ali, sozinha e escondida nas sombras, seus pensamentos rugiam alto.

Levantou-se e ligou a luminária da cômoda. Assim que a claridade inundou as paredes, respirou aliviada.

Não era do escuro que ela tinha medo.

Havia acendido a luz para espantar sua treva interior.

***

Acordou com uma sensação claustrofóbica. Assustada, pensou: “Tem alguém dentro de casa.”

Depois de verificar cada cômodo, finalmente entendeu.

Voltou ao quarto, trancou a porta e se manteve ali.

A questão não era alguém entrar. Ela que não devia sair.

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