castração
Published in
Mar 10, 2024
teu amor
esse objeto pragmático
consumiu meus sonhos
soletrou pavores
pragas
pedras no desejo de existir
a casa
os quartos sem cor
vazamentos na pia
teus escapes
ratos nos buracos da ardósia
quando a poesia, sem ranger
abre uma vala
da sala ao corredor
metros vazios de você
pernas, fórceps, alicate
meio corpo dentro
e tuas mãos de coentro e cigarro
me aspiram o dorso
para dentro da asa doída
chorei corcunda nas frestas dos seus dedos
cobrimos o abismo com o sofá
travamos as portas
mastigamos as chaves
e agora
esse olhar de finitude