baderna

Marcela A. Parrado
Fazia Poesia
Published in
Apr 13, 2024

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imagem feita pela autora a partir da plataforma de Inteligência Artificial Dall-e

para Marietta Baderna

sou mulher estrangeira
qual não é?
fiz do nome uma pátria
instável

como toda terra:
treme o quadril, mulher
rebola o quadril, mulher

a dança que me vestiram
despedaço

escondida entre pirouettes e entrechat
danço o que quero
danço o que o corpo quer
danço o que essa terra dança

minha poesia
escrevo com as pernas

querem me ver dançar?
então vem, chama pelo meu nome
aquilo que causo
a fissura que sou
a confusão no dicionário

vou com meu corpo de baile:
imigrantes, rebeldes, viciadas, ciganas, negras, mouras, velhas, sapatas, transexuais, indigentes, deficientes, putas, feiticeiras

todas as mulheres que desencaixam

não
meu corpo não é teu palco
meu corpo é terremoto

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Poeta e psicanalista, as palavras são sua ferramenta de trabalho, seu lugar de apoio e de fracasso. | Colunista na Revista Brasilis e poeta no Fazia Poesia