baderna
para Marietta Baderna
sou mulher estrangeira
qual não é?
fiz do nome uma pátria
instável
como toda terra:
treme o quadril, mulher
rebola o quadril, mulher
a dança que me vestiram
despedaço
escondida entre pirouettes e entrechat
danço o que quero
danço o que o corpo quer
danço o que essa terra dança
minha poesia
escrevo com as pernas
querem me ver dançar?
então vem, chama pelo meu nome
aquilo que causo
a fissura que sou
a confusão no dicionário
vou com meu corpo de baile:
imigrantes, rebeldes, viciadas, ciganas, negras, mouras, velhas, sapatas, transexuais, indigentes, deficientes, putas, feiticeiras
todas as mulheres que desencaixam
não
meu corpo não é teu palco
meu corpo é terremoto