A grama cresce (posso ouvir)

Leonardo de Oliveira
Fazia Poesia
Published in
1 min readJul 22, 2023

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Foto de Luis Eduardo de Oliveira

Abro os olhos
Pestanas preguiçosas
Procrastino a quarta e as horas.
Subestimo os ponteiros,
Talvez se eu cegasse os minutos,
Desobservasse a posição do sol…
Outro dia acordei e tinha vinte anos,
Agora os cabelos brancos insistem,
Insistem em seus passos largos.
Golpeio o ar com verbos, como quem luta
E cansa.
(A grama cresce, posso ouvir).
Danço uma dança solo,
Viver é solitário.
Estou sempre atrasado,
Sempre estive.
Viver é estar atrasado.
Nasci um dia depois do previsto,
Talvez também morra depois do previsto, quem sabe?
E quem sabe prever?
Aproveite o dia.
Beba água.
Avisam com conselhos em conserva,
Num loop sampleado sem beat.
Eu bebo água,
Mas o agora é rápido demais,
Estou sempre dois passos atrás
Ou dois passos adiante,
E a noite insiste em se fazer manhã,
Há espaços feitos de silêncio,
Sou o pêndulo e o equilibrista.
Já passaram 20 minutos, e acho que vi outro cabelo branco.

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Escritor, músico e psicólogo. Autor dos livros de poesias "O ano do elefante" (Appris), e "Manifesto dos tardígrados" (Caravana)