A arte de sambar submersa

juliana C. alvernaz
Fazia Poesia
Published in
Feb 12, 2024

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Fonte: photo by Stephano Zocca on Unplash

1.

tentei sambar debaixo d’água
a correnteza tirou

2.

estar quase submersa faz esquecer
o sol na cabeça

3.

a vida é mais lenta
debaixo d’água
debaixo d’água
a vida demora
o ritmo da água
antecede o ritmo da terra

4.

a arte de sambar
submersa não se ensina
como martelar
prego líquido
com as mãos, é divertido
é gosma que cola
urge rirmos de nós mesmos
sem perder o compasso denso
das águas

5.

o corpo fica submerso
a cabeça, não

o tempo de voltar
à superfície caducou

as águas do rio subiram
a flora recuou
a cabeça submergiu
com o corpo
para não perder
o compasso
para a correnteza
restituir
o que ela tirou.

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Rio-bonitense (RJ) que vive em Tangará da Serra-MT, professora, poeta, pesquisadora de Literaturas de Língua Portuguesa. Poeta no @faziapoesia @juliana_alvernaz